quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Desafio!

  Bem-vindos caros seguidores,

  Abaixo encontram um pequeno puzzle...



  Se vos despertámos a curiosidade resolvam o desafio, só dessa forma obterão a resposta e solucionarão o enigma! Posteriormente publicaremos a fonte da imagem.

Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Recta Final!

  Bem-vindos caros seguidores!

  As publicações neste blogue encontram-se na recta final pois já entregámos a nossa revisão da literatura na passada 6ª feira, dia 7 de Dezembro.

   Ao longo da realização deste trabalho académico ocorreram diversas alterações:

  - O nosso grupo de trabalhou ficou reduzido a cinco elementos, sendo que as meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho neste momento são: Beatriz Silva, Inês Mendonça, Maria Ferreira, Sofia Cid e Susana Cardoso.



As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho
(Sofia Cid, Susana Cardoso, Beatriz Silva, Inês Mendonça e Maria Ferreira)


  - O tipo de trabalho escrito passou de uma Monografia para uma Revisão da Literatura.


  Na próxima sexta-feira (14 de Dezembro de 2012) procederemos à apresentação do nosso trabalho ao Fisioterapeuta Hugo (optámos por suprimir o apelido do nosso professor com vista a manter o seu anonimato e privacidade) e aos nossos colegas, posteriormente publicá-la-emos para que tenham acesso ao produto final que esperemos que vos surpreenda positivamente.

  Até breve!


Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

The "Smart Cells"!

    Saudações NeuroEspelhóticas!

  Caros seguidores, abaixo encontram um vídeo do orador e neurocientista Marco Iacoboni. Poderão, desta forma, relembrar todos os conceitos base sobre o tema do Sistema dos Neurónios em Espelho abordados anteriormente neste espaço de partilha de informação.






  Esperamos que seja do vosso agrado e interesse!

  Os melhores cumprimentos,
  As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Espelho do Comportamento

   Caros visitantes, sejam novamente bem-vindos ao mundo do Sistema dos Neurónios em Espelho!
   Como já referido anteriormente, encontramos-nos na recta final do nosso trabalho, contudo a nossa motivação e interesse por este cativante tema não permite que descuremos na busca de nova informação, e como tal, esta semana o tema a tratar centrar-se-á na relação existente entre o Sistema dos Neurónios em Espelho e os Comportamentos de Agressividade.

   Raiva e ressentimento são das emoções mais “contagiosas”. Se estivermos perto de uma pessoa ressentida ou com raiva, estamos propensos a tornar-mo-nos pessoas agressivas. Por exemplo, se um condutor demonstrar raiva através de gestos, expressões faciais e linguagem, os condutores que o cercam tendem, inconscientemente, a imitar essas expressões de hostilidade.




   O contágio emocional é considerado uma das motivações primárias de um grupo. Recentes estudos acerca do Sistema dos Neurónios em Espelho, ajudam a explicar a causa subjacente. 

   Como abordado em publicações anteriores, os neurónios em espelho activam-se quando os indivíduos realizam ou observam uma dada acção e de acordo com sua localização no cérebro, desempenham um papel na acção, compreensão, intenção, imitação, linguagem oral e a sensação de emoção.

   O cérebro humano possui múltiplos sistemas de neurónios em espelho que se especializam não só na realização de tarefas mas também na compreensão das acções dos outros e o significado social do seu comportamento e das suas emoções, incluindo a raiva.

   Desta forma, estes neurónios espelham o comportamento dos outros. Desde a infância  que imitamos todo o tipo de comportamento que observamos à medida que crescemos. Isto explica como os hábitos dos nossos pais relativamente à comunicação e em particular à gestão de sentimentos de agressividade, são transportados no tempo por nós. Portanto, a gestão de sentimentos como a raiva, depende da forma como os nossos neurónios em espelho do córtex pré-frontal foram “treinados” pelos nossos pais, professores, pela religião em que estamos inseridos, cultura, etc.




     Outro exemplo, se virmos um carteirista a fugir pela multidão a atitude de alguém cujo seu crescimento não ocorreu num ambiente hostil, será ajudar a vítima em vez se juntar ao bandido e copiar a sua acção, isto porque os neurónios em espelho foram “treinados” a não praticar agressão. Por outro lado, se o mesmo cenário for observado por um indivíduo que assiste a cenas de violência doméstica cujo pai é alcoólico, terá certamente outra atitude, e irá imitar o comportamento observado.

   Outra evidência desta problemática é o bullying, que é o termo utilizado para descrever actos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Constata-se que a maioria dos agressores copiam a forma como foram tratados em criança. Estes indivíduos têm sentimentos de insegurança e são ansiosos demonstrando sentimentos de raiva por causa da sua incapacidade de falar sobre como se sentem e como foram maltratados pelos seus pais.




   Concluindo, ao longo do nosso crescimento estamos envolvidos num conjunto de factores de extrema importância, entre eles: a condição sócio-económica, cultura, religião e etnia, que nos ajudam a moldar a nossa personalidade. 

   Personalidade define-se como o conjunto de características que determinam os padrões de pensar e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém. Os Neurónios em Espelho ao longo deste crescimento "absorvem" todas as experiências e aprendizagens vividas repercutindo-se nos comportamentos, que consoante o sistema de aprendizagem, serão violentos/agressivos ou não.

Informação retirada e adaptada de: Dr. Rajiv Desai (M.D)


   Esperamos que a informação tenha sido do vosso agrado e tenhamos contribuído, um pouco mais, para alargar o vosso conhecimento relativamente ao Sistema dos Neurónios em Espelho.


"Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos."
Pitágoras


Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

domingo, 2 de dezembro de 2012

Os Neurónios em Espelho e o Desenvolvimento das Capacidades de Atenção Conjunta

    Bem-vindos novamente caros seguidores,

    Esta semana escolhemos o Desenvolvimento das Capacidades de Atenção Conjunta (AC) e a sua relação com o Sistema dos Neurónios em Espelho (SNE) como tema a apresentar.

   Já abordado anteriormente neste blogue, os neurónios em espelho são activados quando executamos uma acção ou vemos outro indivíduo a executá-la. Estes neurónios estão intimamente relacionados com os processos de aprendizagem, nomeadamente, com a imitação, pois possibilitam a compreensão da acção e/ou da intenção de outro animal (racional ou irracional, dado que o primeiro estudo experimental foi realizado em macacos, por Rizzolatti) pela activação subliminar desta acção nos circuitos fronto-parietais.








   A imitação tem um papel preponderante no desenvolvimento das capacidades sócio-cognitivas da criança, como tal, as alterações do desenvolvimento das capacidades de atenção conjunta podem ser sinais de alerta para o diagnóstico precoce das perturbações da relação e da comunicação.

  Como poderão constatar ao longo desta publicação, as crianças que revelam este tipo de alteração, parecem não activar o sistema dos neurónios em espelho da mesma forma que as crianças saudáveis.




  A capacidade de cada ser humano se organizar socialmente caracteriza e garante a sua sobrevivência e sucesso. O Homem é capaz de racionalizar sobre os outros e usar esta capacidade para compreender acções e intenções, e de aprender através da imitação, sendo esta a base da cultura humana (Rizzolatti & Craighero, 2004).

  Posteriormente à descoberta do sistema dos neurónios em espelho (Rizzolatti, década de 90), neurocientistas europeus e americanos, em laboratórios separados e utilizando técnicas  diferentes, concluíram que a propriedade espelho dos neurónios estava presente em diversas zonas cerebrais, como a área de Broca, responsável pela expressão verbal (Rizzolatti & Arbid, 1998; Rizzolatti & Craighero, 2004).

  Os resultados sugerem que existem várias áreas corticais fronto-parietais onde o sistema dos neurónios em espelho está distribuído.

  O estudo de Buccino et al. (2004), demonstrou a activação de áreas frontais (giro frontal inferior e córtex pré-motor) em humanos aquando da execução-observação de acções realizadas com a mão, boca e pés, recorrendo à ressonância magnética funcional (RMF). De acordo com o efector envolvido e seguindo um padrão somatotópico, diferentes sectores corticais foram activados.






  Através de tomografia por emissão de positrões (TEP), os mesmos autores demonstraram a activação da área de Broca pela observação de acções.







  Quando uma pessoa sente nojo, a parte anterior da ínsula é activada. O mesmo acontece quando observamos outra pessoa a cheirar um líquido de odor desagradável, o que se comprovou recorrendo à ressonância magnética.

  Concluímos, portanto, que a área de Broca não está apenas envolvida no processamento da linguagem oral e no significado dos gestos linguísticos. Os Neurónios em Espelho (NE) podem ter contribuído para a génese da linguagem humana, servindo de base para a apropriação simbólica dos actos motores, devido à homologia proposta entre a área de Broca e a área F5 dos macacos, em simultâneo com a comprovação recente da participação da área de Broca no SNE.

  Os NE estão envolvidos nos processos de compreensão das acções, da imitação e da empatia, bem como, na tarefa de simulação da leitura da mente ("Teoria da Mente"), na aprendizagem e no contágio de comportamentos como o bocejo ou o riso (Gallese & Goldman, 1998; Hurley & Chater, 2005).

  Desde o nascimento,  os bebés e as crianças têm comportamentos de imitação:
  - Imitação Reflexa - são os primeiros a surgir. Os comportamentos reflexos em relação aos movimentos centrados na área da boca;
  - Imitação Retardada - surge por volta dos 9 meses. Com actividades com objectos.

  A imitação, a partir do segundo ano de vida do indivíduo, torna-se o principal meio de aprendizagem e é considerada importante na formação da identidade, dado que durante o processo de imitação, a criança reconhece continuidade temporal das acções e do seu próprio comportamento.

  A imitação desencadeia-se através de um processo de partilha e de consciência da atenção do outro dirigida a um mesmo objecto, sendo significativamente importante à aprendizagem, ao desenvolvimento e no processo de assimilação da linguagem; relaciona-se com o desenvolvimento das capacidades de AC.



  Informação sobre os processos neurofisiológicos sociais precoces no desenvolvimento das competências sociais da criança pode ser fornecida através do desenvolvimento das capacidades de AC, são-nos fornecidas pelas pesquisas mais recentes.

  Os NE  são responsáveis pela aprendizagem através dos processos de imitação e têm relevante importância no desenvolvimento das capacidades de Atenção Conjunta (Modelo Neurodesenvolvimental Executivo).

  O desenvolvimento cognitivo, sócio-cognitivo e da linguagem na criança estão previstos pelo desenvolvimento das capacidades de AC, pois são o pré-indicador das capacidades sócio-cognitivas no desenvolvimento infantil (Mundy 2006).

  A incapacidade de relacionar o afecto ou a intenção ao planeamento motor e à simbolização emergente pode levar à falha nuclear nas crianças com perturbações multi-sistémicas do desenvolvimento (Caldeira, 2001, citando Greenspan), que conduz às dificuldades na empatia, no pensamento abstracto, nas competências sociais, na linguagem funcional e na reciprocidade afectiva, descritas nestas crianças.

  Considerando os estudos realizados sobre o autismo e o SNE, infere-se que a "falha nuclear no desenvolvimento" destes indivíduos pode estar relacionada com alterações observadas na activação dos NE.


e


Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

domingo, 25 de novembro de 2012

Uma hora bem passada...

  Boa noite caros seguidores, a jornada de realização do trabalho e as publicações (diário de bordo) neste blogue encontram-se na recta final, como tal decidimos publicar um vídeo que relembra tudo o que já foi falado relativamente ao Sistema dos Neurónios em Espelho e tudo o que isso envolve.

  Abaixo encontram um vídeo de uma palestra dada na UCDAVIS MIND Institute, no qual poderão relembrar e aprofundar o tema.
  
  Partindo da descoberta dos neurónios em espelho nos macacos e abordando as mais variadas áreas associadas a estes neurónios, apresentamos-vos um vídeo que, certamente, não vão querer deixar de ver!




  Esperamos que seja do vosso agrado e que tenham aprendido e consolidado conhecimentos relativamente ao tema e a outros abrangidos no vídeo.


Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

domingo, 18 de novembro de 2012

"Esquizofrenia: Défice do Sistema dos Neurónios em Espelho?"

  Caros seguidores, esta semana decidimos explorar a esquizofrenia e a sua possível relação com o sistema dos neurónios em espelho.



Esquizofrenia


  "Distúrbio mental caracterizado pela retracção do indivíduo em relação às outras pessoas, delírios e ilusões, e tendência à ruptura com a realidade" in Dicionário de Termos Médicos, Michaelis (2008).




 Cérebro de Utente Saudável Vs Cérebro de Utente com Esquizofrenia


  Pessoas que sofrem desta patologia apresentam dificuldade no processamento de informação social, ou seja, défices cognitivos sociais, incluindo debilidade na teoria da mente e no processamento de emoção facial.

  De acordo com o estudo do artigo presente na hiperligação abaixo disponível, reuniram-se quinze pessoas com diagnóstico de esquizofrenia ou transtorno esquizoafectivo e quinze pessoas saudáveis (grupo de controlo, escolhido de acordo com o género e idade).

  Os participantes completaram uma estimulação magnética transcraniana (EMT) experimental concebida para medir a activação dos neurónios em espelho. Realizaram-se várias estimulações e observaram-se os resultados, em repouso e enquanto os participantes assistiam a clips de vídeo e vídeos que continham determinados movimentos.

   Durante a observação do movimento do músculo em estudo (abdutor curto do polegar direito), a actividade dos neurónios em espelho aumentou no córtex pré-motor. O input pré-motor ao córtex motor primário aumentou a excitabilidade cortical motora primária, o que resulta no aprimorar da âmplitude dos potenciais motores-evocados quando a região cortical correspondente é estimulada. Consequentemente, qualquer aumento durante a observação da acção representa a activação dos neurónios em espelho, com o objectivo direccionado e acções significativas frequentemente induz-se uma resposta melhorada dos neurónios em espelho.

  Concluindo, com base nos resultados apresentados no artigo, pressupõe-se que a actividade reduzida do sistema dos neurónios em espelho contribui para a cognição social debilitada característica da esquizofrenia e de outras doenças psiquiátricas, como por exemplo o autismo.





Estimulação Magnética Transcraniana - Procedimento



Esperamos que a informação tenha sido útil e que tenham aprendido algo de novo!
Quaisquer dúvidas ou esclarecimentos, contactem-nos.


Os melhores cumprimentos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Terapia do Espelho em Utentes Pós-AVC

   Caros seguidores, esta semana o tema a tratar é a Terapia do Espelho aplicada à recuperação funcional em utentes pós-AVC - Acidente Vascular Cerebral. Dar-vos-emos a conhecer a Terapia do Espelho (ou Terapia-espelho) e os benefícios que esta proporciona na recuperação de vítimas de AVC.


Acidente Vascular Cerebral

  É uma manifestação, muitas vezes súbita, de insuficiência vascular do cérebro de origem arterial: espasmo, isquemia, hemorragia, trombose (Manuila, Lewalle e Nicoulin, 2003).

  O AVC é um derrame resultante da falta ou restrição de irrigação sanguínea ao cérebro, que pode provocar lesão celular e alterações ou perdas das funções neurológicas. As manifestações clínicas subjacentes a esta condição incluem alterações das funções motora, sensitiva, mental, proprioceptiva, e da linguagem, embora o quadro neurológico destas alterações possa variar bastante em função do local e extensão exacta da lesão (Sullivan, 1993).

  A interrupção da irrigação sanguínea e consequente falta de glicose e oxigénio necessários ao metabolismo, provocam uma diminuição ou paragem da actividade funcional na área do cérebro afectada (Rocha, 2003).
Se a interrupção do aporte sanguíneo demorar menos de três minutos, a alteração é reversível, no entanto, se ultrapassar este período de tempo, a alteração funcional pode ser irreversível, provocando necrose do tecido nervoso cerebral.


  O AVC pode ser causado por dois mecanismos distintos, por uma oclusão ou por uma hemorragia (Cohen, 2001).

  1. AVC isquémico ocorre quando um vaso sanguíneo é bloqueado, frequentemente pela formação de uma placa aterosclerótica ou pela presença de um coágulo que chega através da circulação de outra parte do corpo (Cohen, 2001). Há uma redução ou cessamento do aporte de sangue a uma determinada área do cérebro, consequentemente dá-se a morte celular dessa zona cerebral (se a interrupção durar mais de três minutos). O AVC pode ainda ocorrer devido a um ataque isquémico transitório. Este, refere-se à temporária interrupção do suprimento sanguíneo ao cérebro (Sullivan, 1993).
  2. AVC hemorrágico (acontece em 10% dos AVC’s) consiste na ruptura de um vaso sanguíneo, ou quando a pressão no vaso faz com que ele se rompa devido à hipertensão. A hemorragia pode ser intracerebral ou subaracnoideia. Em ambos os casos, o suprimento sanguíneo causa enfarte na área onde o vaso era responsável pela irrigação e as células morrem (Cohen, 2001).

    

AVC Isquémico Vs AVC Hemorrágico
  As principais sequelas associadas ao AVC são os défices neurológicos que se vão reflectir em todo o corpo, uni ou bilateralmente, dependendo da localização e da dimensão da lesão cerebral, podendo apresentar como sinais e sintomas a perda de controlo motor, sendo que a disfunção motora mais comum é a hemiplegia (correspondente a uma lesão do lado oposto do cérebro). A hemiparésia ou fraqueza de um lado do corpo é outro sinal de AVC.




Terapia do Espelho

   Introduzida por Ramachandran e Rogers em 1992, a Terapia do Espelho foi criada com o intuito de minorar défices sensório-motores e acelerar o processo de recuperação funcional, foi utilizada em pacientes com dor fantasma.
  Actualmente, recorre-se a esta técnica para o tratamento da hemiparesia pós-AVC, a terapia do espelho consiste numa técnica na qual se usa um espelho de 2m x 2m, verticalmente apoiado sagitalmente no meio de uma caixa rectangular. A técnica sugere que uma rede neural responsável pelo controlo de uma mão numa determinada tarefa possa ser utilizada nos movimentos da outra mão, referindo-se à capacidade de memorização de um procedimento. O objectivo é reeducar o cérebro através de uma simples tarefa, onde o indivíduo realiza uma série de movimentos com o braço saudável, sendo que este é visto ao espelho como se fosse o braço lesionado.




Importância do Sistema dos Neurónios em Espelho

   A forma pela qual é restabelecida a ligação entre os estímulos visuais e o movimento pode levar a uma resolução da paralisia aprendida em utentes pós-AVC, utilizando como meio o sistema dos neurónios em espelho.
   Os neurónios em espelho envolvem interacções entre modalidades múltiplas, a visão, os comandos motores, a propriocepção; tais funções sugerem que estes neurónios possam estar envolvidos na eficácia da terapia-espelho neste tipo de pacientes, recordando que o primeiro mecanismo de aprendizagem é a observação e imitação.




   No AVC, as reorganizações da imagem corporal no córtex sensório-motor podem gerar limitações reais do movimento, mas também outras que podem ser classificadas como paralisia aprendida. Tal acontece devido a um vaso sanguíneo obstruído no cérebro; as fibras que se estendem do cérebro para a medula ficam sem oxigénio e sofrem danos, gerando uma paralisia real, porém, nas fases iniciais de um derrame, o cérebro apresenta um edema, deixando também, temporariamente, alguns nervos simplesmente atordoados e desligados. 




  Durante este período, quando o membro não funciona, o cérebro recebe feedback visual negativo. Posteriormente à redução do edema, em virtude da vivência de um feedback visual negativo, é possível que o cérebro da pessoa fique com uma forma de paralisia aprendida. 
  Uma possibilidade é que caso exista um resíduo de neurónios em espelho sobreviventes e latentes, através da terapia-espelho ocorra um fornecimento de informação visual que possa reavivar os neurónios motores.
  O seguinte vídeo demonstra um paciente pós-AVC, a efectuar a Terapia do Espelho. O utente tenta realizar o movimento com ambos os membros ao observar o reflexo do membro saudável.





Estudos comprovam...

   Tal possibilidade foi investigada e confirmada por um grupo de pesquisadores que utilizaram num grupo experimental um protocolo composto pela terapia do espelho e vídeos onde os pacientes assistiam a movimentos realizados por pessoas saudáveis, para que, logo após a visualização do mesmo, tentassem usar seu membro superior parético para realizar os movimentos. Comparado com o grupo de controlo que realizou um protocolo de fisioterapia convencional e assistiu a um vídeo com símbolos geométricos, o grupo experimental apresentou resultados mais significativos.

  Do ponto de vista clínico, os estudos sugerem que a terapia do espelho pode acelerar a recuperação funcional de uma ampla gama de desordens sensório-motoras, tais como hemiparesia pós-AVC e outras lesões cerebrais.




   Concluindo, os mecanismos neuro-fisiológicos envolvidos na explicação da terapia do espelho ainda não são claros. No entanto, relacionam-se com o efeito causado pelo feedback visual em áreas corticais sensório-motoras. Esse estímulo visual pode ser o suficiente para evocar a percepção cinestésica em certas circunstâncias. Neste contexto, a terapia do espelho é uma possibilidade segura e útil que tem vindo a demonstrar resultados positivos na recuperação funcional de pacientes com hemiparesia pós-acidente vascular cerebral.

Fonte: Machado, S., Velasques, B., Paes, F., Cunha, M., Basile, L.F., Budde, H., Cagy, M., Piedade, R., Ribeiro, P. (2010). Mirror therapy applied to functional recovery of post-stroke patients. Revista Neurociência, 19 (1), 171-175. - "Mirror therapy applied to functional recovery of post-stroke patients"


   Esperamos que a informação tenha sido útil e do vosso agrado e que tenha despertado o vosso interesse em continuar esta viagem à descoberta do Sistema dos Neurónios em Espelho.
  Continuem a seguir-nos pois, como sabem, todas as semanas voltamos com mais novidades para partilhar convosco!

Caso surjam dúvidas ou necessitem de mais informação não hesitem em contactar-nos, pois tudo faremos para vos esclarecer e ajudar a compreender melhor a temática dos Neurónios em Espelho.


Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

sábado, 3 de novembro de 2012

Autismo: Disfunção no Sistema dos Neurónios em Espelho?!



Neurónios Saudáveis Vs Neurónios de Pessoas Autistas


  O autismo é um distúrbio de origem multi-factorial que provoca disfunções na integração do processo sensório-motor. Estes utentes apresentam um comportamento característico com movimentos muito limitados e repetitivos, e com grande sensibilidade táctil e sonora.

  O neurocientista Vilayanur S. Ramachandran, pesquisador do Centro para o Cérebro e Cognição, da Universidade da Califórnia em San Diego, acredita que as pessoas com comportamento autista têm dificuldades na expressão, compreensão e imitação de sentimentos, o que se torna um entrave no processo de empatia, ou seja, problemas na aprendizagem e socialização, devido a uma deficiência ou disfunção do sistema dos neurónios em espelho.

Alguns estudos corroboram esta teoria, por exemplo, comparação da capacidade de imitar expressões faciais de emoção entre indivíduos saudáveis e indivíduos autistas:
  • Indivíduos autistas apresentam uma activação mais fraca no giro frontal inferior (lobo frontal);
  • Crianças com síndromes em áreas motoras da face apresentam uma activação mais acentuada que as autistas na tarefa de imitação;
  • Os autistas apresentam uma maior activação das áreas visual direita e parietal esquerda - estímulos visuais e atenção motora.


Localização do Lobo Frontal (a vermelho)
Fonte: Polygon data are from BodyParts3D
Autor: Polygon data were generated by Life Science Databases(LSDB)
Nota: Passe o cursor do rato por cima da imagem

  Concluindo, embora ambos os grupos cumpram as tarefas de imitação, as estratégias neuronais utilizadas são diferentes. Os indivíduos saudáveis utilizam o mecanismo de espelhamento no hemisfério direito em ligação com o sistema límbico - córtex da ínsula - associado ao significado da emoção. Os indivíduos com autismo recrutam uma estratégia alternativa: o sistema de atenção visual e motora.



A visualização do próximo vídeo, ajudar-vos-á a compreender melhor esta relação entre o autismo e os neurónios em espelho.




No entanto...


  De acordo com o estudo que se segue, os autistas podem ter neurónios em espelho normais...

  Os neurónios em espelho são células do cérebro que são activadas quando alguém realiza uma acção ou observa outro a realizar essa mesma acção. Quando relacionados com o autismo, aceita-se a teoria que estes não estão a funcionar correctamente.
  A ideia é que o mau funcionamento destes neurónios está por detrás das dificuldades que as pessoas com autismo têm para interpretar as intenções de outras e para revelar empatia.

  Estudos anteriores concluíram que a actividade cerebral em áreas repletas destes neurónios é menor em autistas do que em pessoas saudáveis, quando ambos realizavam e observavam acções simples.

  De acordo com o artigo da revista Neuron, o neurocientista Ilan Dinstein, do Instituto Weizmann, em Rehovot (Israel), investigou possibilidades alternativas. Para este, é possível que outras diferenças entre os grupos expliquem os resultados experimentais, tais como pessoas com autismo imitem movimentos mais lentamente que as outras, o que se reflectiria numa actividade cerebral diferente entre ambos.

  Dinstein e outros colaboradores da Universidade de Nova Iorque conduziram uma nova actividade experimental com treze autistas e dez pessoas saudáveis. Os participantes realizaram movimentos manuais ou assistiram a movimentos realizados por terceiros enquanto a sua actividade cerebral era monitorizada por um aparelho de ressonância magnética funcional.
  As áreas do cérebro ligadas ao sistema dos neurónios motores (córtex pré-motor e córtex parietal) foram activadas nos dois grupos. Contrariamente a estudos anteriores, o nível de actividade cerebral foi idêntica em ambos os grupos.
  Além disso, observou-se que a actividade cerebral diminuiu nos dois grupos quando realizaram ou observaram as mesmas acções repetidas vezes, mas não quando as acções eram diferentes.

  O resultado indica que, sob algumas condições experimentais, os neurónios em espelho de pessoas com autismo comportam-se como os neurónios das outras pessoas.



Afinal o autismo é uma consequência de uma disfunção no Sistema dos Neurónios em Espelho? Aqui fica a questão, há quem defenda que sim, há quem defenda que não.


  A ciência é um vasto universo em constante evolução, mas o que seria da ciência sem o brilhante e enigmático cérebro humano?

 Curiosos e sedentos de novas actualizações repletas de informação fidedigna, actualizada e interessante sobre o tema? Sigam-nos!


Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

domingo, 28 de outubro de 2012

Neuromarketing - O despertar das emoções!


    Tal como anunciado na quarta-feira, para curiosidade desta semana, escolhemos um artigo e um vídeo que abordam a aplicação do conhecimento sobre o sistema dos neurónios em espelho e de outros neurónios em marketing!




    Os neurónios em espelho são activados quando realizamos uma determinada actividade, assim como quando vemos outra pessoa realizar essa mesma actividade. Por isso, este tipo de neurónios é muito importante para o mundo do marketing, tendo sido necessário criar o conceito de neuromarketing.

      A publicidade, as marcas e as empresas relacionadas com toda esta indústria começaram a utilizar este conceito aplicando todos os conhecimentos adquiridos e intrínsecos de cada indivíduo e, com o auxílio dos neurónios em espelho e da sua acção, conseguir aumentar a adesão aos produtos publicitados e, com isto, aumentar o volume de vendas. Desta forma, o que se passa no ecrã reflecte-se no corpo e mente do indivíduo e, consequentemente, nas suas acções motoras.


"Mirror Neurons And Their Role In Marketing"

"Last month I speculated that physical experiences will play an enormous role in the future of marketing and communications. Researchers have discovered that your experiences act as a kind of source code for your brain. In the same way that computer code dictates what you see on a web page, different physical experiences write different ideas in your unconscious.

But I didn’t go far enough. I should have told you that your brain uses physical experiences to make sense of the world--whether you are actually having the experience or not. Researchers call this magical power “simulation,” and it is the key to making the experiential code available to everyone in marketing, even if the work you do isn’t physical.

It all started in the mid-1990s with the eating of an ice cream cone at a research lab in Parma, Italy. The team there had implanted electrodes in the brain of a monkey in order to map out which neurons controlled the monkey’s movements. One of the researchers had brought an ice cream cone back from lunch, and as the monkey watched him lift the cone to his mouth there was a spike in the monkey’s neural activity. The astonishing discovery: The neurons that fired were the same neurons the monkey used to move his own actual body. The monkey’s brain seemed to be having a physical experience just by watching a physical experience.

It turns out we all have a special cluster of cells in our brains that scientists have named “mirror neurons” because they seem to mirror in your brain an experience you see, hear, or read. For example, researchers discovered that certain parts of your brain light up when you kick your foot. Those same parts of your brain also light up when you just hear the word “kick.” In a separate study, researchers revealed that the word “cinnamon” activates the same part of your brain that turns on when you actually smell cinnamon. You understand the word by simulating the actual experience in your unconscious--just like you are doing right now. Can you almost smell the cinnamon? That’s simulation.

This has profound implications for marketing. It means that, as we map out the experiential code set, we can apply it to television, print, digital and everything else.

Here’s an experiment that makes the point perfectly: In 2010 a team of researchers went out to a mall around the holidays to try and prove that your physical experience with “up” codes to your idea of virtue (in most religions, heaven is up, while hell is down). They brought with them two of those red Salvation Army buckets. The first bucket they positioned at the bottom of an escalator, and the second bucket they placed across the mall at the top of a different escalator. After an hour, the team regrouped and compared how many people had felt the urge to give. The team at the top of the escalator--which people had just finished riding up--received more than twice the number of donations.

But that wasn’t the end of the experiment. In a second phase, the research team simply had people watch a 5-minute video. The video was either a view out the window of a car (down) or an airplane (up). Then participants played a game that tested their willingness to cooperate with another player. Sure enough, people who simply simulated the experience of up were significantly more cooperative in the game.

We are just beginning to scratch the surface of how the experiential code set might change communications, but already some opportunities have emerged. Here are three thoughts to get you started:
  1. The way we do research should evolve. There’s a large opportunity for research companies to develop new offerings that help brand teams unearth the core physical experiences that define their customers and their products. These new research offerings should look less like the research of today and more like experiments--they should use the techniques of science to give a true read on the hidden impact these physical experiences might have on how customers think and behave, and should offer creative shops a platform for developing work that is experientially literate.
  2. Creative shops and marketing teams looking for ways to refresh an established brand, or to make their mark launching into a new category, should develop an experiential map of their brand. This should be done from both sides of the code set--work to define your own core experiences, but also work backwards from the ideas your brand stands for to discover what physical experiences map to those concepts already. Some of them will be familiar to you, but there should be some surprises that could open up new avenues of thought.
  3. Digital designers in particular can benefit from this new field. Interacting with your work already uses physical experiences--moving yours arms, hands, and head to direct the interaction. The opportunity is to design work that consciously takes advantage of the experience-idea connection. Gesture is one easy example. There’s a wealth of research that has begun to decode how gesture makes use of the pathway between physical experiences and ideas (which I’ll get to in another post), and new gestural interfaces are bringing that whole vocabulary into digital communications. Ultimately this will require a mindset shift away from just the screen and into designing for the screen and the body.
In the last month alone, one group of researchers has shown that moving your body in a fluid motion can boost your creativity, while another group revealed that wearing a white lab coat improves your performance on a quiz.

How your unconscious uses physical experiences to make sense of abstract ideas--even when you are only looking at the experience--holds enormous potential for people in the business of communication and marketing."
Jacob Braude


  Na hiperligação abaixo indicada encontram o local originário do artigo, poderão aprofundar e pesquisar sobre vários temas relacionados com o marketing.



  Esperamos que a informação tenha sido útil e que tenhamos despertado os vossos sentidos.
  Voltaremos brevemente com novas descobertas!
  Visitem-nos!

Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"Os neurónios que moldaram a civilização!"

  Caros seguidores, abaixo encontram um vídeo bastante rico e esclarecedor, trata-se de uma  apresentação do orador e neurocientista Vilayanur Ramachandran. Poderão, desta forma, aprofundar os vossos conhecimentos sobre o tema do Sistema dos Neurónios em Espelho e qual a sua importância para a Humanidade.




   "É quase como se estivesse a executar uma simulação de realidade virtual da acção de outra pessoa."

  "Qual a importância destes neurónios em espelho? Primeiro, eles devem estar envolvidos em coisas como a imitação e a emulação, porque imitar um acto complexo requer que o meu cérebro adopte o ponto de vista de outra pessoa." 

Neurocientista Vilayanur Ramachandran


  Continuem a seguir-nos, domingo faremos uma publicação que aguçará ainda mais a vossa mente! Uma curiosidade que revolucionou o mundo!

Cumprimentos Neuroespelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

À Descoberta dos Neurónios em Espelho

    Caros visitantes, esta semana disponibilizamos informação referente à história dos Neurónios em Espelho, o objetivo principal é explicar de forma concisa como foram descobertos, onde se localizam e qual a sua função e importância no ser humano.
  Preparados para começar uma viagem ao fascinante mundo dos Neurónios em Espelho e descobrir todos os seus segredos?


Descoberta dos Neurónios em Espelho

    Na década de 90, o neuro fisiologista italiano Rizzolatti, juntamente com os seus colaboradores,




ligaram eléctrodos a alguns neurónios do córtex pré-motor de um macaco para estudar a sua atividade neural, enquanto este estendia a mão para pegar numa peça de fruta.




Quando um dos pesquisadores entrou no laboratório e pegou nessa mesma fruta, verificaram que os neurónios pré-motores do macaco foram ativados como se o próprio animal estivesse a alcançá-la.




Depois de replicar esta e outras experiências, perceberam que tinham descoberto algo novo e verdadeiramente fascinante, os Neurónios em Espelho.




Onde se localizam?

   Os neurónios em espelho, localizam-se no córtex pré-motor e parietal inferior (responsáveis pelo movimento e percepção), no lobo parietal posterior, no sulco temporal superior e na ínsula (local correspondente à nossa capacidade de compreender o sentimento de outra pessoa, a sua intenção e de usar a linguagem).




Função e Importância

ü Os neurónios em espelho ativam-se quando realizamos uma ação ou observamos alguém a realizar essa ação sem que a executemos;
ü       Permitem imitar as ações dos demais e entender os seus significados;
ü       Promovem a empatia, o entendimento entre os indivíduos e a permuta de ideias;
ü     São cruciais no âmbito das intenções e estas são o primeiro passo para entender os outros e com eles  estabelecer laços sociais e empatias.


  Esperamos que tenham desfrutado desta pequena viagem e aprofundado os vossos conhecimentos nesta área; como estes neurónios tão especiais foram descobertos e o seu funcionamento.
   Ficaram curiosos? Querem descobrir mais?
  Sigam-nos! Voltaremos com mais novidades deste tão complexo mundo do Sistema dos Neurónios em Espelho!

Cumprimentos NeuroEspelhóticos,
As meninas do Sistema dos Neurónios em Espelho